terça-feira, 24 de junho de 2014

Happy Ending | Capítulo 01 - Nova vida.

Marina Bicci.

Me aconcheguei nos travesseiros mas parecia algo faltar. O Rogério. Desde o término do nosso relacionamento de 4 anos de casamento eu me sinto assim. Somos da geração de 2000. Temos 26 anos e em pleno ano de 2026 ainda existem sintomas de depressão pós-casamento sim.

Respirei fundo e olhei o despertador, cinco minutos faltando para ele tocar e anunciar que eu tenho de me levantar para ir trabalhar. Sou médica carioca, sou mulher carioca. E como dizem, cariocas não se abatem por nada.

Desliguei o alarme para que ele não me incomodasse enquanto eu tomava meu banho despertante. Me despi e prendi meus cabelos ruivos num coque enquanto deixava aquela água quente relaxar meus músculos. Me enrolei na toalha e escovei meus dentes.
Depois peguei minhas lingeries e as vesti colocando por cima um vesti de padrão tribal até no joelho junto com um salto nude não tão alto.

Soltei o cabelo e fiz uma maquiagem apenas corrigindo as olheiras e algumas manchinhas, passando um batom rosa depois. Soltei os cabelos, peguei a pasta e a minha bolsa trancando o apartamento e apanhando o elevador até o subsolo do meu apartamento.

Quando o sol da manhã atingiu meus olhos recorri aos óculos escuros de modelo aviador o qual eu tanto amo. Liguei o ar condicionado e o rádio deixando-me relaxar enquanto enfrentava um leve trânsito até o hospital.

Entrei no hospital e a Sarah apareceu, minha recepcionista, eu sou nutricionista e ela fica na minha sala anotando algumas consultas que são marcadas. Trabalho aqui faz 3 anos e sempre tive muitos amigos, o Rogério conhecia todos eles mas o que ele fez foi horrível e meus amigos também não quiseram contato.

- Sarinha. - cumprimentei carinhosamente.
- Bom dia doutora, os pacientes estão agendados para logo mais e sugiro um café para aguentar isso tudo, aceita? - perguntou esperta que só ela, isso me faz nunca querer desapegar de Sarah, ela sabe providenciar tudo o que eu preciso.
- Sim, leve até meu consultório por favor, sim? - ela assentiu e eu entrei no meu consultório deixando minha pasta em cima da bancada e ligando o computador.

Me sentei na cadeira e um aperto no meu coração veio ao ver refletida no espelho no fundo da sala o meu braço na parte que eu havia recuado meu jaleco. A recuei para baixo da cadeira novamente e Sarah entrou com as xicaras na sala percebendo minha expressão.

- Doutora Marina, tudo bem? - perguntou repousando sua mão nas minhas costas.
- Sim, tudo ótimo Sarah, só um probleminha, mas nada demais. - tentei convencer.
- O Rogério não é? - perguntou e eu assenti com a cabeça. - Marina, você não pode lembrar dele toda vez que vê isso, ele é um tremendo idiota e não merece que você se ache menos ou mais bonita por causa disto...

Ela ia continuar até que ouvimos vozes na recepção, provavelmente o paciente marcado (que exigiu) no primeiro horário.

- Deve ser aquele cara que marcou no primeiro horário, vai lá, eu estou bem, peça apenas para aguardarem cinco minutos e quando eu der um toque no seu telefone você mande entrar.
- Certo doutora. - e saiu.

Respirei fundo caminhando até o espelho arrumando meu cabelo e limpando o borradinho do meu batom. Me sentei na cadeira novamente e dei um toque no telefone.

- Pode mandar. - avisei.
- Ok. - e desligou.

Alguns momentos depois vejo entrar pela porta um senhor de idade, de cabelos grisalhos e desculpe, mas gordo. Meus pacientes quando não são mulheres são idosos gordos sempre a procura de dietas que os façam manter a forma com alta idade. Respirei fundo enquanto ele se sentava e quando eu ia pedir para que ele fechasse a porta entra um semi-deus pela porta. Ele tinha cabelos loiros não tão escuros e que com o sol entrando pela minha janela faziam ficar dourados, seus olhos claros pareciam piscinas e ele vestia uma camisa branca junto com uma calça mostarda e sapatos sociais pretos.

- Vovô, eu pedi para que o senhor me esperasse. - ele disse quando entrou sem me ver e também bateu os olhos em mim paralisando.
- Oras Bernardo, eu disse que você não iria entrar sozinho. - o senhor reclamou e eu ri da sua atitude protetora.
- Vovô, eu tenho 26 anos. - opa, minha idade e é gato? Isso mesmo produção? - Sei muito bem vir a uma nutricionista e falar para ela tudo o que eu preciso na minha dieta.

Então era ele o paciente? Nossa. O estranho era que seu rosto não me era estranho, já tinha o visto em algum lugar. Deve ter sido no mercado, nas tantas vezes em que eu estava depressiva e ia somente para comprar sorvetes em potes de 1 litro.

O senhor sorriu para ele que se sentou na minha frente e eu meio desajeitada consegui falar:

- Bom dia, sou a doutora Marina Bicci.
- Bom dia, Bernardo Brandão. - e estendeu sua mão enquanto eu fiquei paralisada.

O ator de televisão mais desejado do momento, como eu não reconheci?

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